Por onde eu começo? pt1

VIDA DE INSTAGRAM

A vida que as pessoas expõem nas redes sociais nem sempre retrata a realidade.

Se você usa Instagram, certamente já viu pessoas que, a julgar pelo ‘story’, podem ter tudo o que desejam. São chamadas bem-sucedidas! Esses perfis causam aquela pitadinha de inveja em vários outros usuários que fazem o que podem (e o que não podem) para parecer bem-sucedidos também. O resultado é uma infindável exposição de aquisições. Eu chamo esse processo de busca de felicidade através de ‘coisas’. É o tal do hedonismo, onde a busca pelo prazer da compra se torna o fundamento da vida. Mas será que essas pessoas encontram a tão sonhada felicidade? Será que são mesmo bem-sucedidas? Conheço algumas que atestaram entrar nessa onda a fim de preencher um vazio e o resultado foi um buraco ainda maior. A vida dos sonhos ou vida de Instagram, ilustrada e estrelada por pessoas belíssimas e ‘‘bem-sucedidas’’, pode se tornar um pesadelo.

FELICIDADE DURADOURA OU SATISFAÇÃO PASSAGEIRA?

Acredito que trazer coisas e mais coisas para a sua vida sem nenhum questionamento pode gerar problemas muito maiores que um vazio crescente. O consumo deliberado e sem propósito pode causar um declínio na sua qualidade de vida. Os transtornos são maiores que a sensação de prazer trazida pelas novas compras. É quase certo que o objeto de desejo recém adquirido não te trará satisfação por muito tempo e se tornará obsoleto num piscar de olhos, até lançarem uma nova versão que fará seus olhos brilharem novamente. E a felicidade que você busca nunca chega pra ficar.

Alguns sinais de alerta e minhas considerações:

Desorganização Financeira

A desorganização financeira é um dos problemas mais comuns gerados pelo consumo acelerado e sem propósito. Em pouco tempo você se vê gastando mais rapidamente do que consegue ganhar. Muitas pessoas gastam até mais do que ganham, se comprometem com empréstimos e acabam se afundando em dívidas e parcelamentos sem fim. Tudo para manter o status de bem-sucedido e continuar agregando ‘’valor’’ nas redes sociais. Ou, na eterna tentativa de preencher um vazio que não sabem de onde vem e que nunca acaba. Se você se vê quase obrigado a adquirir a nova versão do celular que comprou há pouco tempo e que ainda se encontra em perfeito estado e completamente adequado para uso, pode ser um sinal de que vive sob essa influência. Mas você não é o único! Essa tendência de comprar desnecessariamente se torna um hábito difícil de controlar e é muito difundido como o estilo de vida do momento. É bom estar atento. E lembre-se, se você já está lá e deseja sair, nunca é tarde!

Minha casa é um lar ou um depósito?

Outra consequência de comprar muitas coisas é a falsa sensação de morar num lugar pequeno demais para suas necessidades. Você sente que vive com muito menos espaço do que precisa e uma enorme insatisfação pelo apartamento ou casa onde mora vai aumentando. Imagino que a quantidade de espaço requerido para estocar tanta coisa vai mudando conforme você vai às compras e logo se vê totalmente infeliz por não ter um apartamento enorme ou uma casa com um grande depósito. Sempre reclama de falta de espaço, começa a desejar as casas maravilhosas de outras pessoas que você segue na internet e acha que aquele modelo de vida é o ideal para você. O interessante é que quando observo esse comportamento percebo que a pessoa não precisa de mais espaço para si. Ela não sente necessidade de espaço livre para usufruir de bem-estar com a família e amigos, mas sim para dispor suas coisas. A casa deixa de ser um lar e aos poucos tende a se tornar um espaço de exposição. Quanto mais móveis que nunca são realmente usados, melhor; quanto mais armários para armazenar objetos quase nunca (ou nunca utilizados), melhor; quanto mais espaço no closet para muitas roupas das quais nem se lembra ou nem vai se lembrar em algumas semanas, melhor. É uma insatisfação sem tamanho que cresce junto com as compras enquanto sua noção espacial diminui.

De quanto espaço precisamos?

Através de um mapa de calor, um arquiteto e pesquisador interessado no assunto, concluiu que apenas 40% do espaço dos apartamentos é realmente utilizado por seus moradores. É um número muito baixo considerando que as pessoas estão cada vez mais interessadas em plantas muito amplas quando pensam em projetar a casa dos sonhos. Ao invés de viver a vida com o espaço que possuem as pessoas estão criando um espaço que se ajuste à vida que levam. O problema é que quando não podem fazer isso se sentem vazias, frustradas e deprimidas. E quando dão um jeito de fazer, mesmo sem poder (gerando dívidas para satisfazer uma falsa necessidade ou prazer momentâneo), o mesmo resultado é gerado: vazio, frustração e depressão.

Mexendo com a sua cabeça

Já está mais que provado que comprar não traz felicidade duradoura, ao contrário. É comum as pessoas usarem as compras para remediar a angústia e a depressão. E não as culpo, pois o ato de comprar produz uma sensação de bem-estar e prazer no nosso cérebro. Porém, por ser uma sensação passageira, o resultado é comprar mais e mais até se tornar vítima de uma compulsão, de um vício, uma doença. Se você se encontra nesse quadro e sente que precisa de ajuda, o Instituto de Psiquiatria da USP oferece ajuda para portadores do transtorno de compra compulsiva – a oniomania. E certamente existem outros centros de psiquiatria que fornecem auxílio e tratamento nesse caso. Procure se informar com profissionais da área de psicologia e psiquiatria da sua região. Se o seu caso não for tão grave, apenas alguns ajustes nos hábitos de compra podem resolver. Tenho certeza que algumas doses de minimalismo podem te ajudar a aumentar seu bem-estar e felicidade ao passo que afastam, ou pelo menos diminuem, a possibilidade de desenvolver alguns problemas causados pelo excesso. Aprendendo a comprar com propósito e responsabilidade você vai poder desfrutar de uma vida bem mais leve e mais significativa.

COMPRAR NÃO É ERRADO, MAS REQUER QUESTIONAMENTO! 

Em um estudo sobre Felicidade realizado nos EUA, pesquisas comprovaram que há uma diferença entre o nível de felicidade de alguém que ganha U$ 5 mil por ano e alguém que ganha U$ 50 mil por ano. Mas não há nenhum aumento no nível de felicidade ao comparar uma pessoa que ganha U$ 50 mil por ano com alguém que ganha U$ 5 milhões por ano. Isso se deve ao fato de que o dinheiro traz sim felicidade após supridas nossas necessidades básicas, mas após isso, o dinheiro deixa de ser fator determinante no nível de felicidade de uma pessoa. Eu acredito que comprar não é errado. Precisamos de dinheiro! No mundo em que vivemos é extremamente necessário ser autossuficiente. Acredito também que após supridas nossas necessidades mais básicas como alimentação e moradia, poupar para emergências, ter um sofá no qual adoramos nos sentar, vestir uma roupa que nos traz alegria, ter um óculos de sol para os dias muito claros ou ter na prateleira aquele livro que consideramos especial traz felicidade sim. O problema está na má interpretação do verbo ‘’precisar’’. Repito, comprar não é errado. Minimalismo não significa viver sem nada ou nunca comprar. No entanto, existe uma forma de viver com mais significado comprando só o que você realmente precisa e que te traz alegria.

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Vanessa Galvão